Resenha da Semana: Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector

Resenha da Semana: Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

LISPECTOR, Clarice. Perto do Coração Selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1977. 753p

 
Clarice Lispectornasceu em 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia. Pertencente a uma família de origem judaica, seus pais emigraram para o Brasil em março de 1922. Foi uma escritora e jornalista. Autora de romances, contos, e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX.

No seu romance de estreia “Perto do coração selvagem”, Lispector disserta sobre a descoberta das particularidades do sentir e do ser. Narra a vida de Joana de uma forma peculiar e muito intensa. Joana é uma personagem impulsiva, destemida. Tem uma forte aversão pela bondade e por pessoas que sejam extremamente afáveis.

A narrativa é feita a partir das lembranças de Joana até a sua vida adulta. Éórfã de mãe e pai e logo após a morte do segundo, ela muda-se para a residência dos tios. Porém, seus parentes, ao conhecerem a natureza amoral da personagem, resolvem levá-la a um internato, onde Joana vive até sua vida adulta.

Desde pequena, a Joana já nos mostra que é um pouco diferente das outras pessoas. Ela tem uma espécie de inquietação, que a faz questionar tudo o que acontece e que está por acontecer. Já em criança, ela pensa em coisas como “o que é a felicidade?” ou “o que acontece depois que se é feliz”.  A impressão que tive é que a Joana está sempre esperando mais, esperando o que está por vir. Todo o caminho percorrido pela personagem é permeado por devaneios e questionamentos.

Joana expressa, suas experiências de menina às de adulta, mergulhando ora no passado, ora no presente, segundo o fio condutor da memória. A infância viveu ao lado do pai, a quem confiou, por meio de brincadeiras, suas incertezas infantis. Era sonhadora, contemplativa e, inconscientemente, provocava os adultos com suas questões e opiniões. Escrevia versos, tinha medo de dormir sozinha e sentia muita pena das galinhas. Para ela, estas nem sabiam que iam morrer. A mãe, Elza, morreu, quando ela ainda era muito pequena; Conhecia-a pelas descrições do pai. Órfã, Joana vai morar com os tios.

Ler “Perto do coração selvagem” é como uma viagem psíquica entre pensamentos e emoções. A vida não é o bastante à personagem. A mesma necessita de algo mais, indefinido. 

O livro tem um tom bem existencialista. Faz-nos pensar sobre o ser humano, sobre os nossos sentimentos, pensamentos, sobre a vida.

Resenha por Jacquelline Christina Oleto Viana
Servidora da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

 
 
 

 
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