“Vocabulario Portuguez e Latino” ocupa o setor de Coleções Especiais até 15 de julho e tem entrada gratuita
O setor de Coleções Especiais, da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, recebe até 15 de julho, a exposição “Vocabulario Portuguez e Latino, de Rafael Bluteau”. Com entrada gratuita, a mostra reúne parte do acervo que da coleção Rita Adelaide e integra as obras raras da instituição. O público pode visitar o espaço de segunda a sexta, das 8h às 18h. Não é necessário o agendamento prévio, mas os protocolos de saúde devem ser respeitados.
A exposição destaca aspectos interessantes da obra de Rafael Bluteau, como encadernação, folha de rosto, detalhes da tipografia, censura e outras características da publicação. No recorte exposto, há diversos assuntos, como anatomia, arquitetura, astronomia, botânica, direito, economia, geografia, história, matemáticas, medicina, música, física, teologia e zoologia.
O Vocabulario é, ao mesmo tempo, um dicionário de língua portuguesa e um dicionário enciclopédico. A obra foi publicada em oito volumes, entre 1712 e 1728, em tipografias das cidades de Coimbra e Lisboa, em Portugal, e ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau. A extensa obra reúne oito volumes e dois suplementos. Os volumes de 1 a 4 foram publicados em Coimbra, no Colégio das Artes da Companhia de Jesus, e os volumes de 5 a 8 foram publicados em Lisboa, na Oficina de Pascoal da Silva. Os suplementos 1 e 2 foram impressos em Lisboa.
A composição do Vocabulario constituiu um longo e conturbado empreendimento na carreira de Rafael Bluteau, uma vez que, de acordo com o próprio testemunho do autor, a recolha de material teve início por volta de 1680 e foi concluída em 1728. A obra tem a particularidade de apresentar informações que seriam pouco comuns até mesmo em uma enciclopédia, como pode ser ilustrado com um fragmento do verbete ‘copaiba’, espécie de planta, em que Bluteau dialoga com o leitor e apresenta uma receita detalhada para uso dessa substância.
Rafael Bluteau (Londres, 4 de dezembro de 1638 – Lisboa, 14 de fevereiro de 1734) foi um religioso teatino (ou seja, da Ordem dos Clérigos Regulares), hoje lembrado principalmente como grande lexicógrafo da língua portuguesa e autor do monumental Vocabulário Português e Latino (8 tomos, Coimbra e Lisboa: 1712–1721 e 2 tomos de Suplemento, Lisboa: 1727–1728), que mais tarde António de Morais Silva modernizou e ampliou, dando assim origem ao seu Dicionário da Língua Portuguesa (1789).
Filho de pais franceses, chegou a Portugal em 26 de junho de 1668, aos 29 anos, a mando do Geral da Ordem. Doutorou-se em Roma em ciências teológicas e professou na Ordem a 29 de agosto de 1661. Criou na França renome como pregador. Teria aprendido depressa a língua portuguesa e começado a se distinguir como orador sagrado, com grande aceitação na corte.