Visibilidade e existência das pessoas LGBTQI+ ganha páginas da literatura mundial
Junho é o Mês do Orgulho LGBTI+. Esses trinta dias celebram a diversidade sexual das mais variadas formas, resgatando a memória daqueles que dedicaram a vida ao direito de existir e possibilitando um diálogo ainda maior sobre todas as nuances da sexualidade humana. A Literatura é, também, um campo fértil para produções que celebram a diversidade dos corpos em diferentes narrativas, ora com histórias bem humoradas, ora com relatos cruéis.
Para celebrar a data, assim como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+ (comemorado no domingo (28/6), em homenagem aos protestos contra a repressão policial no bar Stonewall Inn, em Nova York, local frequentado pela comunidade LGBTQI+ na década de 1960) a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, equipamento da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) que integra o Circuito Liberdade, selecionou algumas das produções literárias LGBTQI+ que marcaram a literatura mundial.
Confira na lista abaixo:
1. Com amor, Simon (2018), de Becky Albertali
Nessa história que usa do tom bem humorado para retratar questões importantes, o leitor conhece Simon, um jovem adolescente gay. Aos 16 anos, o protagonista não conversa com ninguém a respeito de sua sexualidade. Mesmo se sentindo confortável consigo mesmo, ele não vê motivos para dar explicações aos outros. Após uma troca de e-mails com um menino misterioso chamado Blue, Simon começa a lidar com várias inseguranças. “Com amor, Simon” é uma obra escrita por Becky Albertali que questiona os padrões impostos na sociedade por meio de uma linguagem acessível e objetiva.
2. Me chame pelo seu nome (2018), de André Aciman
Durante o verão europeu, uma família recebe artistas e intelectuais de todos os lugares do mundo para temporadas de residências literárias. Em mais uma dessas recepções, o filho do casal, Elio, se encanta por Oliver, um recém chegado turista norte-americano. Mais velho, e com uma personalidade contagiante, o homem desperta muitos sentimentos em Elio. A narrativa de André Aciman conduz o leitor a um mundo repleto de emoções, sobretudo a respeito das paixões fulminantes que caminham ao lado da juventude.
3. O terceiro travesseiro (1998), de Nelson Luiz de Carvalho
Esse romance de Nelson Luiz de Carvalho é uma história baseada em acontecimentos reais e narra a trajetória de Marcus, jovem comum da classe média da cidade de São Paulo. Ao entender que o sentimento pelo melhor amigo, Renato, vai além da amizade, o rapaz entra em uma jornada repleta de desafios, quebrando paradigmas e que escancara a hipocrisia da sociedade. Nessa descoberta, Marcus também precisará encontrar um equilíbrio entre o que sente por seu amigo e o que a família e as outras pessoas esperam dele.
4. Uivo e outros poemas (1956), de Allen Ginsberg
Publicado em 1956, “Uivo” tornou-se no manifesto da “Geração Beat” norte-americana, fundando, também, a própria noção da contracultura nos Estados Unidos. Esse longo épico de Allen Ginsberg retrata as dores, as aventuras e as loucuras de toda uma geração, bem como a realidade homossexual do próprio escritor e de seus amigos. Com um dos mais impactantes e icônicos versos de abertura, Uivo traz a força e o orgulho para afirmar e exaltar o desejo gay.
5. Onde Andará Dulce Veiga? (1990), de Caio Fernando Abreu
Um jornalista sai à procura de Dulce Veiga, cantora de sucesso que desapareceu anos atrás. Em sua busca, o protagonista da história se vê obcecado pela filha de Dulce, uma cantora lésbica de uma banda punk. Usando dos recursos comuns aos romances policiais e de mistério, Caio Fernando Abreu leva o leitor ao submundo da agitada vida noturna de São Paulo, tendo o contexto da epidemia de HIV no fim da década de 1980. O relato do autor, como sempre, é repleto de emoções e simbologias, características marcantes de sua obra literária.
6. A Cor Púrpura (1982), de Alice Walker
Um clássico da literatura mundial, A Cor Púrpura, de Alice Walker, foi lançado em 1982 e levou Prêmio Putlizer, em 1983. A história fala da vida de Celie, uma mulher negra que vive no sul dos Estados Unidos e que sofre com as amarras do racismo e do machismo, mas que acaba vivendo um romance com Shug, uma mulher à frente do seu tempo e que ajuda Celie a se libertar da opressão. A obra também já foi adaptada para o cinema, se tornando uma das obras primas do famoso cineasta Steven Spielberg e consagrando a atriz Whoopi Goldberg como uma estrela de Hollywood.
7. A Garota Dinamarquesa (2000), de David Ebershoff
A história de Lily Elbe, uma das primeiras transexuais da história a fazer a cirurgia de redesignação sexual em plena Europa na década de 1920, é contada no livro de David Ebershoff. No romance é possível acompanhar a transformação e o caminho de dificuldades que Elbe, que possui o apoio e suporte de sua então esposa, Gerda Wegener, vive em sua jornada de autoconhecimento.
8. Carmilla (1872), de Sheridan le Fanu
Um clássico da literatura Britânica e um marco na literatura gótica, Carmilla é um dos responsáveis por uma das criaturas mais recorrentes nas histórias de terror e fantasia, os vampiros. Há quem diga que esse clássico inspirou Bram Stoker a dar vida à “Dracula” (1897), o vampiro mais famoso da literatura. A história é narrada por Laura, uma jovem que vive isolada com seu pai e acaba se envolvendo com Carmilla, uma mulher misteriosa e que guarda segredos obscuros.
9. As vantagens de ser Invisível (1999), de Stephen Chbosky
O livro conta a história de Charlie, um adolescente que desabafa sobre a sua vida em cartas enviadas a um desconhecido. Por meio dos seus escritos, conhecemos os seus traumas, amores e amizades, como Patrick, que vive um romance com Brad, um garoto que faz parte da turma dos populares do colégio e que tem problemas em aceitar a sua sexualidade. Uma história que retrata a juventude de forma honesta e profunda criando uma trama instigante que leva o leitor a mergulhar no amadurecimento e nos aprendizados dos personagens.
10. Middlesex (2002), de Jeffrey Eugenides
Vencedor do prêmio Pulitzer em 2003, Middlesex é narrado por uma personagem hermafrodita que passou a vida acreditando ser uma menina, mas que por uma alteração genética desconhecida e rara, se descobre um menino na adolescência. O livro trata, em uma trama envolvente e cheia de mistérios, de questões ainda hoje vistas com preconceito e estranhamento, como identidade de gênero e descoberta da sexualidade.
Todas as obras citadas fazem parte do acervo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Por determinação do Governo do Estado, o atendimento ao público está suspenso, como medida preventiva no enfrentamento da pandemia de Coronavírus. Alguns dos livros citados, como “A cor púrpura” e “Carmilla”, estão disponíveis para acesso gratuito na Plataforma Domínio Público.