SABINO, Fernando. O grande mentecapto: relato das aventuras e desventuras de Viramundo e de suas inenarráveis peregrinações.
Romance. 67.ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. 251 p.
ISBN 8501912800
O Grande Mentecapto é um romance do escritor brasileiro Fernando Sabino publicado em 1979; narra as aventuras de Geraldo Viramundo, espécie de Dom Quixote brasileiro, que percorre Minas Gerais. O início do livro mostra que Geraldo foi um menino como qualquer outro, tivera suas maluquices e peraltices, porém, a história se desenvolve a partir das consequências de uma aposta entre Viramundo e seus amigos de que conseguiria fazer o trem parar em seu município, já que Rio Acima (a cidade do menino) não era originalmente ponto de sua parada. A narrativa apresenta diversas referências quixotescas, e de modo cômico e emocionante retrata como a vida pode surpreender quando menos se espera. O Grande Mentecapto conta a história de Geraldo Boaventura, o Viramundo.
Ambientado no estado de Minas Gerais, onde aliás, percorremos várias cidades mineiras durante a leitura. A começar pela cidade Natal do nosso protagonista, Rio Acima. Viramundo é uma criança simples, de uma família pobre e muito ativo em sua infância. E sua primeira grande travessura foi a de obrigar um trem a fazer uma parada forçada, só para provar que conseguiria tal feito. O que antes parecia uma brincadeira ousada de criança acaba virando uma tragédia. Após isso, Viramundo demonstra o desejo de ser padre e entra para o seminário. Mas as andanças do nosso protagonista, sonhador, ingênuo e aventureiro, não param por aí. Geraldo Viramundo acaba viajando por quase todo estado de Minas Gerais e em cada cidade que passa, ele vive um caso diferente, provocando as mais inusitadas confusões e enrascadas.
“O raio que coriscou na sua cabeça naquele instante, dando-lhe uma fulminante consciência da iniqüidade que prevalece neste mundo, foi demais para a sua inocência, matou o menino que ele trazia dentro de si. Matou o menino.”
Em “O grande mentecapto”, romance publicado em 1979 quase ao acaso – visto que fora parcialmente engavetado e esquecido desde 1946 –, o autor mineiro utiliza trocadilhos e uma espécie de ingenuidade que, na medida exata, conferem uma maravilhosa leveza à narração das fantásticas aventuras e muitas desventuras de Geraldo Viramundo, um carismático e destemido miserável. Contudo, apesar destes recursos narrativos, o que chama mais atenção no segundo romance de Fernando Sabino são as contradições inerentes à civilização brasileira: bruta, desigual e sem perspectivas de melhora.
Resenha por
Thayane Luiza Zschaber de Oliveira
Estagiária do Setor de Empréstimos da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais