BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar
HUGO, Victor. O corcunda de Notre Dame. São Paulo: Zahar, 2013. 495 p.
Volúpia, paixão lasciva e paixão inocente, devoção religiosa, desigualdades de classe, ingenuidade, invisibilidade social, sequestro, assassinato e uma maravilhosa ambientação medieval. Um romance com tantos traços marcantes dificilmente não se tornaria um clássico da literatura, ainda mais quando escrito pelo extraordinário Victor Hugo.
O corcunda de Notre Dame, ou simplesmente Notre Dame de Paris, é um romance histórico baseado nas elucubrações sobre a vida parisiense medieval. Quando uma grande parcela de pessoas vivia na miséria e no esquecimento, deixadas à própria sorte nas portas da igreja mais famosa do mundo, a paixão ardente de Frollo e o amor de Quasímodo afligem a bela cigana Esmeralda. Segundo o autor, seu livro foi elaborado mais como uma ficção ou drama epopeico do que um retrato histórico preciso, no entanto, ele contém em seus trechos, vários eventos e características próprias da época narrada, frutos das pesquisas de Victor Hugo em sua tentativa de tornar a ambientação o mais real possível. Sendo assim, o leitor pode ter um vislumbre do passado ao se aprofundar nessa trama tão bem contada
.
Em plena Paris do século XV, nos primeiros anos da inauguração da grandiosa
Catedral de Notre Dame, em meio às festividades do dia dos Reis e do dia dos loucos, o arquidiá cono Claude Frollo vê pela primeira vez a destemida cigana Esmeralda, mulher de traços inigualáveis que desperta dentro do homem um desejo incontrolável. Na tentativa de calar o tormento entre sua volúpia e sua devoção à Deus (cristão), Frollo envia seu filho adotivo, o corcunda Quasímodo, para raptar a moça. Tentativa essa frustrada por um dos grupos de patrulha policial liderados por Phoebus de Châteaupers que salva a jovem.
Mesmo que noivo da jovem Flor de Lis, Phoebus se apaixona por Esmeralda, sentimento que é correspondido e que inflama ainda mais o ódio do arquidiácono. Decidido a destruir Esmeralda por não poder tê-la, Frollo assassina Phoebus e tenta incriminar a cigana pela morte. Cabe a Quasímodo, que ao conhecer melhor a cigana desenvolve um sentimento de puro afeto, impedir Claude e salvar a jovem da obsessão de seu mestre.
Uma característica comum de Victor Hugo que é ressaltada por diversas vezes nesse livro é a injustiça e desigualdade que muitos viveram, chegando alguns a condições sub-humanas, como é o caso de Quasímodo. Abandonado aos pés da igreja quando criança por ter uma aparência desfigurada, é adotado depois por Frollo, que trata o rapaz como um criado. Sua condição o obriga a ficar condicionado às torres de Notre Dame, isolado, onde, na melhor possibilidade, ele consegue se ocupar dos sinos, o que o ensurdece com o passar do tempo. Não somente ele, como também outros grupos e personagens citados, sofrem igual opressão e invisibilidade, por exemplo os ciganos, ou os mendigos da cidade.
Durante sua vida, o autor se apresentou como ativista dos direitos humanos e apoiador do republicanismo, revoltado com a sua criação cristã em um sistema monárquico, ele acreditava na possibilidade de uma vida mais justa, sendo a pessoa capaz de ascender na vida sem os entraves das classes, a exemplo de seu personagem Jean Valjean em outro clássico seu, Os miseráveis. No entanto, sua visão sobre a igualdade social não era adepta do movimento de surgiria na mesma época, o socialismo de Karl Marx.
Uma absoluta obra-prima da literatura mundial e peça fundamental da identidade cultural francesa, seu clamor pelo estilo parisiense de vida criou em seu livro um espelho da cidade e posteriormente contribuiu para o imaginário comum. Aos apaixonados pela França, essa obra é um must have (deve ter) literário. Para os interessados em geral, ela pode ser um bom estudo social, além de uma delirante história de amor.
Resenha por:Isadora Amaral Campos
Estagiaria do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
