Biblioteca Estadual recebe lançamento de livro de Pedro Kalil

Biblioteca Estadual recebe lançamento de livro de Pedro Kalil

Inspirado na arquitetura brutalista, Balta explora e deixar evidente os materiais da narrativa ao mesmo tempo que demonstra como a História nos molda
 
A Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais recebe, na quarta-feira (22/12), a partir das 19h, o lançamento do livro “Balta – fragmentos de deformação”. De autoria de Pedro Kalil, Balta é o nome dado ao narrador do livro por um amigo de seu pai, Floriano, que acreditava que o jovem seria de suma importância para o futuro da pátria. A obra será lançada durante evento presencial na Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães, com entrada gratuita. O uso de máscara cobrindo o nariz e a boca durante toda a permanência no espaço é obrigatório.
 
O amigo do pai é quem tutela o filho quando se torna órfão e passa a participar de acontecimentos políticos durante um período de exceção. Narrado em primeira pessoa, mas somente com fragmentos, Balta é uma novela construída como aporia: a interrupção de formação se torna deformação, a impossibilidade de uma narrativa teleológica se transforma em fragmento, a confissão é para nublar os acontecimentos, aquilo que se mostra ao mesmo tempo se esconde e a linguagem rebusca na hora de deixar crua a violência.
 
O livro não é uma reconstituição histórica do período da última ditadura. Mesmo que aponte para eventos históricos – como o assassinato do empresário Henning Albert Boilesen, apoiador da ditadura e que tinha prazer em assistir torturas; a morte de Maria Auxiliadora Barcelos, a Dôdora; a guerrilha do Araguaia e seu líder Osvaldão e seu assassinato, expondo seu corpo dependurado em um helicóptero na região da guerrilha – ele é mais uma tentativa de reflexão sobre os impulsos autoritários no país, sobre os silenciamentos dos traumas, sobre a possibilidade de narrar, sobre as engrenagens de violência e a ação dos sujeitos em períodos de exceção.
 
Inspirado na arquitetura brutalista, Balta explora e deixar evidente os materiais da narrativa ao mesmo tempo que demonstra como a História nos molda. Essa é também a inspiração para o projeto gráfico do livro realizado pela Mariana Mist | OESTE que explora não só o concreto na capa, mas ele em contraste com a abertura costurada da lombada e a flexibilidade das páginas, entre o texto do livro e as tarjas que emolduram os fragmentos.
 
Emoldura toda a narrativa fotografias de Patrick Arley. Como o livro, a evidência da violência se constitui não como simples choque, mas como obnubilação de eventos. A relação entre a imagem, sangue, fogo, vermes, pele, corpos e pedaços de corpos constitui um jogo em tons vermelhos que se esparrama pelo livro nas letras com ranhuras em suas colorações em que texto e imagem constroem uma relação dialética e complementar.
 
A produção é de Elias Gibran.
 
Pedro Kalil é doutor em teoria da literatura e literatura comparada pelo PosLit da FALE/UFMG. Publicou O menino que queria virar vento (Aletria, 2012), Charlotte-peixe-borboleta (Relicário, 2016), O ano da fumaça (Urutau, 2020) e Autor/Autoria: Roland Barthes e Cahiers du Cinema (EdUFAL, 2021). Realiza pesquisa sobre a relação entre a Teoria da literatura e outras teorias e da relação entre literatura e ética.
 
Patrick Arley é antropólogo e fotografo com mais de dez anos de experiência, tendo participado de exposições no brasil e no exterior (França – 2015; Moçambique-2018). Em 2015 foi selecionado para a exposição “The Exposure Award – Portraiture Collection” ocorrida no Museu do Louvre (Paris), com uma das imagens do trabalho desenvolvido em Moçambique. Participou, em 2017, da Exposição “Reinado de Chico Calu – Repertórios Sagrados da Irmandade Os Carolinos” no museu Inimá de Paula (BH). Participou do livro “Percursos do Sagrado: Irmandades do Rosário de Belo Horizonte e Entorno”; da Revista Marimbondo sobre a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e Sagrado Coração de Jesus – Irmandade Os Carolinos.

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