Resenha da Semana: A Náusea, de Jean Paul Sartre

Resenha da Semana: A Náusea, de Jean Paul Sartre

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

SARTRE, Jean Paul. A náusea. São Paulo: Círculo do Livro, [19–]. 272 p.

Famoso filósofo existencialista do século. XX, Jean Paul Sartre, em sua obra mais conhecida e importante, explicitou sua filosofia e pensamentos por meio de uma ficção no formato de diário. Atualmente, “A náusea” é a principal referência dentro da filosofia existencialista. Essa é uma obra de leitura pesada, em especial, para pessoas mais sensíveis a filosofias desse gênero ou a pensamentos mais destrutivos.

Ao perceber uma sutil mudança no rumo das coisas, o historiador francês Antoine Roquentin começa a anotar em um diário sua percepção e experiências com relação ao mundo. Como um intelectual solitário, Roquentin não preserva muitas amizades, além daquelas que acha essenciais e não comunica suas intenções. Sem compartilhar, ele interioriza muito dos seus sentimentos e pensamentos em conversas que tem consigo mesmo.

Desanimado com a vida em si, Antoine passa a observar com profundidade pequenos eventos cotidianos e quais os sentidos que movem as pessoas. Segundo ele, ao analisar o proprietário de um pequeno café, o historiador percebe que o homem vive em função das pessoas que frequentam seu estabelecimento, quando o lugar fica sozinho, sem motivos para continuar, o proprietário apenas dorme esperando a volta de seus clientes.

Roquentin, na busca por um sentido próprio ou universal, percebe dentro do vazio que começa a notar em si, a própria ausência de um sentido. A maioria dos sentidos que damos ao nosso viver seria fruto da nossa necessidade de que haja um. Tomar conhecimento da existência seria um processo doloroso de encarar o vazio de propósito que todos os seres têm.

No entanto, segundo Sartre, não devemos temer ou abandonar esse vazio, e sim, abraçá-lo como a uma parte de nós. Ao nos livrarmos dessas correntes que criamos para vivermos, a chamada alienação, ao adquirir consciência, sentimo-nos livres. É esse processo de adquirir consciência da existência que é narrado, através da experiência de Antoine Roquentin, o que pode ser entendido como a própria experiência que o autor sentiu ao atravessar esse difícil e solitário caminho.

Ao confrontar essa nova natureza, que talvez sempre tenha estado ali, Antoine continua a sua vida, agora consciente das coisas, vivendo em seu dia-a-dia cada momento, sem ignorar ou oprimir nenhum ponto.

 
Resenha por Isadora Amaral Campos
Servidora do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

 

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