Resenha da Semana: As violetas de março, de Sarah Jio

Resenha da Semana: As violetas de março, de Sarah Jio

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

JIO, Sarah. As violetas de março. Ribeirão Preto: Novo Conceito, 2013. 302 p.

Emily está assinando o divórcio. Depois de dez anos, a vida de Emily parece estar desaparecendo. Há dez anos ela era uma escritora best-seller e tinha como marido um dos homens mais desejados de Nova York. De lá para cá, entrou em um bloqueio impossível do qual não consegue sair nem com ajuda da terapeuta. Mas o pior é que nem mesmo o divórcio conseguiu fazê-la chorar. Seguindo a sugestão de sua melhor amiga e em uma estranha sincronia com sua tia-avó, Emily arruma as malas e atravessa o país de volta a Bainbridge. Sua ideia é passar o mês de março na ilha, se refazer do divórcio e quem sabe quando voltar escrever um novo livro, algo que tenha realmente a ver com si própria.

Já na primeira semana seu retorno se mostra proveitoso. Emily encontra velhos conhecidos, descobre novas amizades, entre elas, Henry, o estranho senhor e recluso vizinho que sua tia-avó evita, e Jack, que surpreendentemente ela não conhecia de seus tempos de infância e adolescência na ilha. Porém, o que detém a atenção de Emily é o diário que ela encontra escondido na gaveta do quarto onde está hospedada. A história de Esther e de um romance há muito tempo passado. Uma história comovente e trágica que Emily não consegue esquecer.
 
Quem será Esther? E os demais envolvidos? A história realmente aconteceu na ilha sessenta anos atrás? E se aconteceu onde estariam aquelas pessoas? Uma história que vai revelar a Emily muito mais do que seu talento de escritora, mas o próprio passado e os segredos intocados de família que alteraram sua vida.

A premissa é basicamente essa e é surpreendente notar que Sarah Jio consegue nos contar uma história repleta de surpresas, mistérios e complexidade em trezentas páginas. Com uma escrita fluida e uma prosa direta, Sarah Jio apresenta uma gama de personagens variados e uma trama que peca em poucos pontos. É uma estreia notável. Numa concisão elegante e precisa, a autora desenvolve um ambiente único, com belas descrições que, aliadas à trama do diário renderam uma ótima história. Interligando o presente ao passado de forma sutil e inteligente, a autora consegue um quebra-cabeça instigante que prende a atenção do leitor e se mostra cheia de surpresas.

A forma como a vida de Emily se entrelaça com a história do diário foi acertada, e as nuances que dividem as duas épocas e principalmente as duas personagens foram bem marcadas.Emily é uma personagem boa, que cresce aos olhos do leitor aos poucos e que, como escritora, se utiliza bem dos recursos que tem para descobrir a verdade sobre o diário e sobre a ilha. Ao se distrair do seu divórcio e dos relacionamentos, sua figura ganha força, e a história, idem.

O único ponto que ofusca a estreia de Jio é o tratamento que ela deu aos relacionamentos. Tanto o divórcio de Emily e a cena próxima ao fim do livro, totalmente fora de lugar, quanto os dois encontros que ela tem em menos de uma semana da ilha. Pequenas coisas, mas que podem tirar o brilho para os leitores mais exigentes.
O fim da história foi satisfatório e encerrou bem ao unir passado e presente. Um tanto triste, mas, ainda assim, belo e misterioso, como uma promessa.

Recomendado a todos que procuram um romance diferente, que foge da água com açúcar e entremeia elementos de mistério, com segredos, passado e um bom quebra-cabeça.
 

Resenha por: Rossana Kátia Pimentel Cunha
Servidora do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
 

 

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