Resenha da Semana: Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida

Resenha da Semana: Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida

Especial Semana Estadual de Incentivo à Literatura

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor infantojuvenil – BIJU

ALMEIDA, Lúcia Machado de; CAFIERO, Mário. Aventuras de Xisto. 14a ed. São Paulo: Ática, 1982. 128p. (Vaga-lume)

A narrativa, inspirada nas novelas de cavalaria da idade média e na obra de Cervantes, Dom Quixote, conta a história de um menino muito inteligente que, ao descobrir um livro secreto de magia, decide rodar o mundo para “endireitar coisas erradas”, derrotar os quatro feiticeiros existentes e dar fim às suas maldades. Com a ajuda de seu fiel escudeiro e amigo de infância, Bruzo, ele parte em busca de aventuras.

O “Manual secreto dos bruxos”, além de receitas de pudins cabalísticos, traz os nomes dos últimos feiticeiros existentes, que são Fredegonda – Senhora Dos Que Voam, Mas Não São Aves, Jacomino – O Que Se Alimenta do Humo da Terra, Minoco – O Senhor Do Tempo e Durga – O Que Vê Sem Ser Visto. Cada feiticeiro possui poderes próprios e um ponto fraco específico que cabe a Xisto descobrir para derrotá-los. É uma longa e divertida jornada que Lúcia Machado de Almeida conduz com maestria.

A engenhosidade e a vontade de fazer e defender o bem são as principais características de Xisto, o carismático protagonista. Sua primeira realização foi salvar o seu reino do temível Mirtofredo Barba-Coque e seu exército de 18.500 cavalos gigantes. Após a grandiosa façanha, pede ao rei para ser consagrado cavaleiro andante em todos os moldes e regras da cavalaria medieval para vagar pelos reinos desconhecidos e cumprir seus objetivos.

A jornada de Xisto e Bruzo, no entanto, é cheia de percalços e derrotar os 4 feiticeiros mostra-se uma tarefa mais árdua do que previam. Em determinado momento, Bruzo é transformado em um bebê e Xisto em um canário que é capturado e colocado em uma gaiola. Como se espera dos mais valentes e corajosos heróis, os difíceis obstáculos não são insuperáveis para a determinação e força de vontade do protagonista.

Uma passagem da obra demonstra como Xisto lida com as adversidades aparentemente intransponíveis oferecidas por seus adversários mágicos:

– Quanta coisa você sabe, Xisto! – exclamou o escudeiro, boquiaberto. – Ninguém pode com você, Xisto!
– Sou pobre, Bruzo, e minha riqueza é essa.
– É verdade – tornou o outro, pensativamente. – “Pazuzas” acabam e podem ser roubadas ou perdidas: sabedoria nunca.
– Avante! – gritou xisto, esporeando o cavalo.
E sumiram na curva do caminho.

A aventura, repleta de humor, é marcante e envolve o leitor. Cenário e imaginário medieval europeu estão presentes nas aventuras de Xisto, como bruxos, harpias, gigantes, cavaleiros sem cabeças, reinos assombrados, homem invisível, etc. A magia, sem dúvida, faz parte dessa bela história criada por Lúcia Machado de Almeida.

Sobre a autora
Lúcia Machado de Almeida nasceu em 1910, na Fazenda Nova Granja, hoje pertencente ao município de São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ainda pequena, mudouse para Belo Horizonte. Aos 14 anos, estreou na literatura com o seu poema Desencanto, publicado pelo jornal O Estado de Minas. Em 1974, pela editora Ática, publicou em livro “O Escaravelho do Diabo” para integrar a famosa coleção Vaga-Lume. Escreveu também outros livros que fizeram muito sucesso nos anos 1980, entre eles Spharion (1979), Aventuras do Xisto (1982), Xisto no espaço (1982), Xisto e o pássaro cósmico (1983), Atíria na Amazônia e O asteroide.

 
Resenha por Renan Ribeiro Xavier
Servidor do Setor de Infantojuvenil – BIJU da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

Pular para o conteúdo
Fale Conosco