Resenha da Semana: Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo

Resenha da Semana: Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo

Especial Semana Estadual de Incentivo à Literatura

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor infantojuvenil – BIJU

ZIRALDO. Uma professora muito maluquinha. 1995. 120p.

Publicado em 1995 pela Editora Melhoramentos, Uma professora muito maluquinha foi escrita por Ziraldo como uma homenagem mesclada com admiração infantil às professoras e educadoras infantis que abrem os olhos e o imaginário de crianças de todo o mundo.

Para melhor representar o mundo exposto pelo autor, o livro acompanha cinco protagonistas: Athos, Porthos, Aramis, Dartagnan e Ana Maria Barcellos Pereira, todos alunos da professora maluquinha. Logo no começo da obra, já abrindo o humor característico de toda a narrativa, o narrador expõe como os nomes fazem menção aos três mosqueteiros, que, assim como ele diz, na verdade são quatro, descrevendo assim a personagem Ana Maria por seu nome próprio, por falta de opção.

A partir desta perspectiva infantil, Ziraldo constrói a sala de aula e as atitudes da professora maluquinha quase que como em um conto de fadas, dando à professora virtudes incríveis que nenhum ser humano seria capaz de fazer. Estas virtudes, na verdade, são belas homenagens fantasiosas às capacidades dos professores brasileiros de sempre inovar e trazer coisas novas para as turmas que lecionam, indo além de sua própria capacidade para assegurar o aprendizado e a formação dos alunos.

Utilizando de belíssimas ilustrações, todo o ambiente da obra é descrito e apresentado: a pracinha, a matriz, o cemitério no alto do morro, o cinema e a escola, bem como todos os personagens que, embora secundários, constroem em nossa mente a imagem de cidade interiorana típica de Minas Gerais, com personagens como o Padre Velho, o Padreco, beatas e solteironas. Todos estes personagens e locais, embora descritos em um livro de fantasia, despertam nossa memória e vivência coletiva em Minas Gerais, nos instigando a relembrar locais de nossa infância com características similares.

Ao contrário do que é sugerido pelo nome, o papel da professora, da forma como é descrito, se assemelha muito mais à de um educador, daqueles que poucas crianças se esquecem. A professora utiliza de táticas pedagógicas que instigam os alunos a procurarem conhecimento além do que a escola e ela mesma são capazes de ofertar, estabelecendo e ensinando aos alunos como a disciplina e o aprendizado são responsabilidades coletivas, e não algo posto somente nas mãos do professor. Em aula, a disciplina era assegurada através de um tribunal, dando aos alunos a autonomia de criar suas próprias regras de convivência coletiva e de julgarem, assim como adultos, as transgressões ocorridas.

Essa obra é uma viagem fantástica pelos olhos das crianças, retrata com beleza o interior de uma sala de aula, com sua riqueza de detalhes e situações. Além do caráter fantástico, a obra é capaz de homenagear e ensinar a professores técnicas educativas e reforçar o seu dever em assegurar o ensino, servindo de inspiração para se tornar um profissional melhor e mais dedicado.

O livro pode ser lido e aproveitado tanto por crianças quanto por adultos, que encontraram em suas páginas a saudade da sala de aula e os farão lembrar de épocas passadas e de professoras maluquinhas que passaram por suas vidas.

Resenha por Arthur Assunção Montezuma Pereira Rodrigues
Servidor do Setor de Infantojuvenil – BIJU da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
 

 
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