Resenha da Semana: Dias perfeitos, de Raphael Montes

Resenha da Semana: Dias perfeitos, de Raphael Montes

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

MONTES, Raphael. Dias perfeitos. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. 274p.

Raphael Montes é um autor brasileiro e advogado por formação que nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 22 de setembro de 1990. Iniciou sua carreira com apenas 18 anos, com alguns contos publicados, tanto em revistas nacionais quanto estrangeiras, e já em 2010 lançava seu primeiro romance, “Suicidas”. O livro fez tanto sucesso que foi finalista do Prêmio Benvirá de Literatura 2010, do Prêmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional e do prestigiado Prêmio São Paulo de Literatura 2013.
 
“Dias Perfeitos” foi publicado em 2014 e também fez um enorme sucesso, tanto que foi traduzido para mais de 22 países e foi notado inclusive por diversas revistas e jornais estrangeiros. O autor é conhecido como um jovem mestre do terror nacional e já foi comparado a autores muito experientes, como Stephen King. Quem já leu algum de seus livros compreende facilmente a comparação.
 
Em “Dias Perfeitos” Raphael Montes conta uma história de terror, de obsessão, amor e desespero. Téo é um dedicado, quieto e introvertido estudante de medicina. Seus dias se dividem entre a correria da faculdade, com suas inúmeras aulas e provas e em cuidar de sua mãe, Patrícia, uma cadeirante que depende do filho para muitas coisas do seu dia-a-dia, inclusive tomar banho e se vestir.
 
Téo é um menino frio que não consegue nutrir um sentimento de amor por ninguém, nem por sua mãe, que considera um fardo ao qual foi delegado a ele e nem por seu cachorro Sansão. A única pessoa com quem Téo cria um laço afetivo e consegue estabelecer uma conexão é Gertrudes, um dos cadáveres de sua aula de anatomia. O jovem estudante não cria laços afetivos por simples desinteresse, não existe ninguém que seja tão superior intelectualmente quanto ele e por isso se isola em seu mundo particular. Sua mãe o obriga a acompanhá-la em um churrasco certo dia e lá Téo tem seu mundo virado de cabeça para baixo quando conhece a jovem e despreocupada Clarice.
 
Clarice é uma estudante de história que escreve roteiros em suas horas vagas e é apaixonada por sua liberdade. Dona de seu corpo e do próprio nariz faz o que bem entende na hora que lhe agrada. Em um encontro casual entre os dois personagens, Clarice conversa de modo despreocupado e um pouco provocante, o que desperta a curiosidade de Téo ao mesmo tempo que o retrai. Algo assim nunca havia lhe acontecido e para ele é um momento muito especial e significativo.
 
O churrasco acaba, mas o interesse e assombro de Téo não, dando início a uma obsessão que o leva a fazer loucuras em nome do amor. Convencido de que ele e Clarice formam um casal perfeito e que devem ficar juntos o resto de suas vidas, o estudante começa a perseguir a jovem escritora até entender todas as nuances de sua vida, e conseguir assim se aproximar com mais facilidade.
 
A princípio ela acha as tentativas de Téo bonitinhas, quase como se ele fosse uma criança que demonstra interesse, mas quando percebe que o interesse está indo longe demais a ponto de deixá-lo violento, Clarice tenta se afastar e expulsa Téo de sua casa, mas este não aceita, acreditando ser esse apenas mais um capricho da escritora, então a deixa desacordada e a sequestra.
 
Para ele, aquela é uma atitude que poucos entenderiam, mas sabia, de coração, que estava fazendo o melhor pelos dois, e principalmente para Clarice. Querendo manter Clarice quieta e domada, Téo usa de seus conhecimentos de estudante de medicina para medicar a jovem para que consiga mantê-la dentro da mala em que a escondeu e posteriormente para que consiga sair da cidade e ir para um refúgio onde os dois sozinhos poderiam se conectar, e ela entenderia que ambos foram feitos um para o outro.
 
A partir disso, a trama se desenrola entre cenas angustiantes em que Clarice passa despercebida por todos, incapaz de fazer qualquer pedido de ajuda e uma articulada história criada por Téo, que isola os dois de tudo e todos.
 
Sem dúvidas um thriller policial com cenas extremamente angustiantes que deixam o leitor tão sem ar quanto Clarice, conduzindo-o a um desfecho inacreditável.
 
 
Resenha por: Rachel Gervásio De Marco
Servidora do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
 

 
 

 
Pular para o conteúdo
Fale Conosco