Resenha da Semana: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Resenha da Semana: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica. São Paulo: Aleph, 2012. 342p.

Um romance que marcou a cultura pop e entrou para os clássicos da ficção científica, em especial aqueles que tratam de distopias. Laranja Mecânica (Clockwork Orange), foi publicado originalmente em 1962. A escrita de Anthony Burgess se destaca muito por ter criado uma linguagem própria, o “nadsat”, na língua original, unindo palavras para criar um terceiro significado, usualmente esse livro vem acompanhado de um glossário para permitir ao leitor não familiarizado a imersão no universo da narrativa.

A obra se passa em uma sociedade britânica futurista em que os extremos dominam, tanto com ações extremas quanto reações extremas. O Estado totalitário gera aqui respostas violentas ao seu sistema rígido e também desenvolve contrarrespostas igualmente violentas. O anti-herói desse livro, Alex, é também protagonista e narrador.

Alex é um adolescente rebelde que, unido a sua gangue, George, Pete e Tapado, no vocábulo criado por Burgess “druguis”, andam pelas ruas de Londres aterrorizando aqueles que encontram, praticando todo tipo de violência, de furtos até estupros e espancamentos. A maioria dos jovens aqui são retratados como anarquistas desordeiros que agem inconsequentemente sem se preocupar com uma punição; os personagens beiram a psicopatia e a sociopatia. Alex é apresentado como um exímio manipulador, de comportamento dúbio, e que segue seus interesses. Na frente de seus pais é um filho pródigo e bem educado, enquanto que nas ruas é um autoritário frio e violento. Interessante mesmo é o seu refinamento cultural, contrastante com a figura apresentada pelo autor.

Como é costume de sua gangue, Alex vai sempre a um bar antes de suas aventuras noturnas e nele ele bebe leite com algum tipo de droga dissolvida para em seguida partir. Em uma noite mal planejada, os jovens invadem uma casa e, ao perceber a chegada da polícia, todos fogem deixando somente o líder para trás. Assim, Alex é preso com somente 15 anos e é submetido a uma experiência chamada “Método Ludovico” para ser readequado novamente.

Na prisão, procurando recompor e reestruturar o comportamento delinquente, Alex é exposto em sessões de tortura a cenas de violência explícita enquanto ouve músicas específicas. O condicionamento é eficaz e impossibilita física e cognitivamente o rapaz a cogitar qualquer ato agressivo. A surpreendente virada da história é que ao se tornar um jovem passivo, Alex se torna também submisso à violência alheia. Tamanha é a sua mudança à nova incapacidade de “sobreviver”, o livro consegue trazer ao leitor um sentimento nauseante de desgosto, sendo entregue somente a um vago alívio quando uma das vítimas de Alex o encontra, mas não o reconhece.

Vale apontar que uma das características deste livro é como a violência é abordada de forma explícita e brutal. Algo que gerou censuras e vários avisos sobre faixa etária e sensibilidade ao conteúdo.
 
 
Resenha por: Isadora Amaral Campos
Estagiaria do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

 

 
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