Resenha da Semana: O mapa fantasma, de Steven Johnson

Resenha da Semana: O mapa fantasma, de Steven Johnson

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

JOHNSON, Steven. O mapa fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles.
Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008. 272 p.

O autor Steven Johnson foi muito feliz, pois narra um fato científico, mas o faz de forma suave, agradável e com certo clima de mistério, despertando no leitor a vontade de ler cada vez mais. Quando em Londres, um surto de cólera se abateu sobre a cidade no ano de 1854 foi a pretensiosa investigação do médico inglês John Snow que reconheceu pela primeira vez a doença, além de descobrir de como evitá-la quando ninguém mais sabia como. O livro O Mapa Fantasma, de Steven Johnson, destrincha a história por trás dessa epidemia e dos principais responsáveis por combatê-la. Não só como um recorte histórico, esta obra levanta elementos científicos importantes para se compreender como se dá a formação de uma epidemia e o seu fim; nele aparecem elementos importantes que são comuns ao estudo das endemias, epidemias e pandemias, por exemplo, os surtos de Dengue, COVID-19 e gripe espanhola.

Fugindo às crenças infundadas e ao senso comum, foi através de uma investigação analítica que o primeiro caso e a maneira como a doença era transmitida foram descobertos.No frenesi da revolução industrial e suas consequências, o crescimento da densidade populacional urbana aliada à falta de infraestrutura adequada para todos, em especial a de saneamento básico, culminaria em uma série de problemas urbanos que começam a surgir frequentemente pela primeira vez na Europa. Esse foi o ambiente perfeito para que o vírus da cólera se espalhasse entre várias pessoas que aparentemente não tinham nenhuma relação evidente. Assim, com o adoecimento espontâneo de várias pessoas desconhecidas entre si, duas teorias surgiram para explicar os eventos.

Seguindo uma tradição mais antiga e conhecida, aceita mais amplamente durante centenas de anos, Edwin Chadwick, do Comitê Geral de Saúde propõe uma transmissão miasmática, teoria em que as doenças e mal-estar do corpo estariam relacionados com a aspiração de “maus odores”, também defendida durante o surto da peste bubônica na idade média. A contraponto, suspeitando de uma relação muito diferente entre a expressão da doença e o ambiente, o médico John Snow observou um certo padrão nos mapas policiais da cidade e de abastecimento, com os infectados.

Com o seu cuidadoso trabalho de pesquisa, Snow conseguiu rastrear o primeiro caso que deu origem a dispersão: a diarreia de um bebê contaminado que foi descuidadamente descartada em uma fossa sanitária que vazava para o lençol freático, principal abastecedor poço de água da região dos afetado. A investigação do médico John Snow constatou que o vírus da cólera era transmitido através de água contaminada, mas mais importante do que isso, ele se utilizou de uma pesquisa empírica para descobrir e tratar uma enfermidade que atingiu centenas de pessoas e levou a óbito outras tantas, colaborando eternamente para que a ciência médica e diversa outras áreas fizessem mais uso dessa forma de pesquisa e se concretizasse a metodologia científica pelo mundo. Um produto final que beneficiou a melhora da qualidade de vida de todos e possibilitou orientar gestões que procuravam essa melhora.
 

Resenha por Isadora Amaral Campos
Estagiaria do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

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