A produção literária de Paulo Freire como estímulo ao pensamento crítico

A produção literária de Paulo Freire como estímulo ao pensamento crítico

Educador é autor de uma série de livros que abordam múltiplas práticas pedagógicas

Em 2021, celebramos o centenário de nascimento de Paulo Freire (19/9/1921). Para marcar essa importante data, a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais preparou uma programação especial com publicações nas redes sociais sempre no dia 19 de cada mês. Os conteúdos também são reproduzidos em nosso site, reunindo informações a respeito da vida e da obra do Patrono da Educação Brasileira.

Seguimos, então com a nossa série #PauloFreireFaz100Anos e apresentamos as obras literárias de Paulo Freire e como essas publicações contribuíram para a formação do pensamento crítico e uma pedagogia humanizada. O objetivo de seu método de alfabetização, que possui um modelo pedagógico assumidamente político, bem como de suas publicações, é a conscientização dos oprimidos, dos mais pobres, daqueles que estão à margem da sociedade; uma conscientização advinda da educação, para que esta pudesse libertá-los da opressão.

A vida e a obra de Paulo Freire sempre estiveram interligadas. Freire não é um pensador teórico. É um pensador da prática. É aquele que circunstanciado pela prática educativa, vai refletindo sobre ela, com o objetivo central de melhorá-la e alterá-la. É uma simbiose, uma retrospectiva sempre da prática para a teoria e da teoria para a prática. Este é um dos temas centrais de Paulo Freire, é uma das maneiras que faz com que ele seja um Educador tão importante para o mundo todo.

Freire é um Educador múltiplo, um cientista e precisa ser compreendido em suas diversas fases. Ele refletia sobre os fatos, os acontecimentos de cada época e suas obras iam sempre se atualizando, de acordo com o contexto.

Em linhas gerais, podemos defini-lo em três fases principais: a primeira fase é mais regionalizada, mais nordestina. Ele iniciou sua obra em Recife, sua cidade de origem. A segunda fase é durante o momento em que esteve exilado, durante a ditadura militar. E a terceira fase, é o pós-exílio, a volta para o Brasil. Outro fato importante, é que suas obras sempre foram feitas em equipe, nunca de forma individualizada. Há vários livros escritos junto com outros autores.

A principal obra é, sem dúvida, o livro Pedagogia do Oprimido, publicado em 1968. É a síntese de boa parte do conjunto de toda a obra Freiriana. A Pedagogia do Oprimido propõe uma nova forma de relacionamento entre professor, estudante e sociedade. O livro é considerado um dos pilares da pedagogia crítica e analisa a relação de “colonizador” e “colonizado”.

Principais obras:

Educação Como Prática da Liberdade
Freire se vale da oralidade para tratar de liberdade, democracia e justiça. Para ele, a palavra pode deixar de ser o veículo das ideologias alienantes para tornar-se o instrumento de uma transformação do homem e da sociedade.

Cartas à Guiné-Bissau
Resultado do registro do primeiro ano de trabalho de Paulo Freire na elaboração de um modelo de alfabetização de adultos no país africano de Guiné-Bissau, na ocasião recém-independente.

A Importância do Ato de Ler em Três Artigos que se Completam
A obra investiga a questão da leitura e da escrita aliando duas perspectivas: a da luta política e a da compreensão científica do tema.

Educação e Mudança
A publicação destes escritos se dá no momento do retorno de Paulo Freire ao país. Trata-se de uma obra crítica ao falso dilema ‘humanismo X tecnologia’.

Conscientização – Teoria e Prática da Libertação
Inquietudes e as últimas consequências que o processo da conscientização traz consigo são os assuntos explorados neste livro da obra freiriana.

Educação e atualidade brasileira
A natureza assistencialista, autoritária e paternalista de nossas relações sociais e da educação ‘inautêntica’ que predomina no sistema educacional ‘bancário’ do Brasil entoa essa obra.

Por Uma Pedagogia da Pergunta
Obra conjunta com Antonio Faundez, outra referência da ideologia libertária, Por uma pedagogia da pergunta traz um diálogo sobre como produzir um saber dinâmico, que “se indaga” constantemente.

Pedagogia da Esperança
Escrito em 1992, faz uma reflexão sobre Pedagogia do oprimido, publicado em 1968, durante o seu exílio no Chile. Nesse diálogo, analisa suas experiências pedagógicas em quase três décadas.

Pedagogia da Indignação
Composto por cartas escritas pouco antes de seu falecimento, em maio de 1997, o livro foi organizado por sua esposa Ana Maria de Araújo Freire a partir das cartas deixadas pelo autor.

A Propósito de uma Administração
Freire retoma algumas ideias, anteriormente expostas em sua tese, e apresenta um relatório de administração do Professor João Alfredo Gonçalves da Costa Lima quando Reitor da Universidade do Recife.

Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos
Aborda os mais diferentes aspectos da realidade brasileira com o olhar de quem luta por uma mudança profunda e crítica do mundo. Reúne textos escritos entre 1968 e 1974.

Professora Sim, Tia Não: Carta a Quem Ousa Ensinar
O texto faz coro sobre a necessidade de valorização docente, enfatizando práticas que representam uma forma de resistência do professor.

À Sombra Desta Mangueira
Crítico ao neoliberalismo, mostra como esta nova compreensão do mundo é ideológica justamente por proclamar que não há mais ideologias nem história.
 
Pedagogia da Autonomia
Expõe sua concepção da relação entre educadores e educandos. Além disso, elabora propostas de práticas pedagógicas, orientadas por uma ética universal.

Educadores de Rua, uma Abordagem Crítica – Alternativas de Atendimento aos Meninos de Rua
Fruto de encontros com educadores de rua, este livro congrega caminhos possíveis para mudar a condição de marginalizados dos educandos de rua.

Extensão ou Comunicação
Obra escrita no Chile, em 1968, quando Freire se encontrava exilado. Analisa o problema da comunicação entre o técnico e o camponês no processo de desenvolvimento de uma nova sociedade agrária.

Medo e Ousadia
Os autores Paulo Freire e Ira Shor se debruçam sobre as angústias do professor na experimentação da pedagogia do diálogo e sobre as implicações trazidas por esta mudança de atitude.

Pedagogia: Diálogo e Conflito
A partir de suas experiências pedagógicas no Brasil e mundo afora, os três educadores – Paulo Freire, Moacir Gadotti e Sérgio Guimarães – respondem perguntas que todos fazem sobre a educação brasileira.

Política e Educação
Coletânea de onze textos redigidos em 1992, Política e Educação apresenta discussões que protagonizou em seminários no Brasil e em outros países.

Que fazer – Teoria e prática em educação popular
O diálogo é o fio condutor deste livro. Nele, Paulo Freire e Adriano Nogueira dissecam o conceito de educação popular e como este se relaciona com a transformação da sociedade.

Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo
A necessidade de uma educação que liberte a partir da conscientização e de métodos educativos ativos é detalhadamente exposta nesta publicação.

Os cristãos e a libertação dos oprimidos
A formação religiosa que recebeu no seio de sua família é o ponto de partida para o educador refletir sobre suas ideias e a forma como se relaciona com a diversidade da vida.
 
 
 

 
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